São os olhos, exatamente os olhos, que eu mais ouço. A vida tem me ensinado, ao longo da jornada, que as palavras muitas vezes mentem. Os olhos, geralmente, não desmentem o que diz o coração.


Ana Jácomo

"Não sou para todos. Gosto muito do meu mundinho."

Caio F.

Sempre chego atrasada...na hora errada.
Sempre quando olho e digo: "é ele."
Percebo que o 'meu" lugar já foi preenchido.

Mas, que eu possa dizer muitas vezes mais: "é ELE!"
Mesmo que não seja, quero ter o direito de me enganar quantas vezes for necessário.

Quero vestir sua camisa, e fazê-la de pijama, quero bagunçar seu cabelo e beijar sua testa, quero morder suas costas e beijar sua nuca, quero bagunçar seu guarda-roupa, quero desorganizar suas coisas, e deixar teu quarto uma bagunça, quero passar a noite vendo filmes de terror ao teu lado, quero ouvir você me chamar de minha, quero você bagunçando meu cabelo, dizendo baixinho no meu ouvido o quanto me ama, quero você em noites frias em baixo do meu cobertor, quero você me puxando pela cintura e me arrancando suspiros, quero você com seus defeitos, pele e apelos, quero seus beijos seus carinhos, quero dormir, sonhar e acordar contigo.

"Qual é o elogio que toda mulher adora receber? Bom, se você está com tempo, pode-se listar aqui uns 700: mulher adora que verbalizem seus atributos, sejam físicos ou morais. Diga que ela é uma mulher inteligente e ela irá com a sua cara. Diga que ela tem um ótimo caráter, além de um corpo que é uma provocação, e ela decorará seu número. Fale do seu olhar, da sua pele, do seu sorriso, da sua presença de espírito, da sua aura de mistério, de como ela tem classe: ela achará você muito observador e lhe dará uma chave da porta de casa. Mas não pense que o jogo está ganho: manter-se no cargo vai depender da sua perspicácia para encontrar novas qualidades nessa mulher poderosa, absoluta. Diga que ela cozinha melhor que sua mãe, que ela tem uma voz que faz você pensar obscenidades, que ela é um avião no mundo dos negócios. Fale sobre sua competência, seu senso de oportunidade, seu bom gosto musical. Agora, quer ver o mundo cair? Diga que ela é muito boazinha.

Descreva aí uma mulher boazinha. Voz fina, roupas pastéis, calçados rentes ao chão. Aceita encomendas de doces, contribui para a igreja, cuida dos sobrinhos nos finais de semana. Disponível, serena, previsível, nunca foi vista negando um favor. Nunca teve um chilique. Nunca colocou os pés num show de rock. É queridinha. Pequeninha. Educadinha. Enfim, uma mulher boazinha.

Fomos boazinhas por séculos. Engolíamos tudo e fingíamos não ver nada, ceguinhas. Vivíamos no nosso mundinho, rodeadas de panelinhas e nenezinhos. A vida feminina era esse frege: bordados, paredes brancas, crucifixo em cima da cama, tudo certinho. Passamos um tempão assim, comportadinhas, enquanto íamos alimentando um desejo incontrolável de virar a mesa. Quietinhas, mas inquietas.

Até que chegou um dia em que deixamos de ser as coitadinhas. Ninguém mais fala em namoradinhas do Brasil: somos atrizes, estrelas, profissionais. Quem gosta de diminutivos, definha. Ser boazinha não tem nada aver com ser generosa. Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo. As bozinhas não têm defeitos. Não têm atitude. Conformam-se com a coadjuvância. Ph neutro. Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das intenções, é o pior dos desaforos.

Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas, apressadas, é isso que somos hoje. Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos. As inhas não moram mais aqui. Foram para o espaço, sozinhas."



Martha Medeiros

O livro ...


Eu briguei com meu coração. Disse que jogasse o amor antigo fora. Ele deu nó. Coração não entende ordens. De um lado a razão exigindo. De outro o coração tentando. A verdade é que nem tudo sai como o planejado. Mas a gente tenta. Um amigo meu me disse que fica surpreso como eu racionalizo os sentimentos. Eu perguntei se falava de mim. Acho que sofro calada. Calada. Maquiada. E de salto alto. Mas manter a pose cansa. Cansa ser racional. Cansa enganar o coração. Cansa ser forte. A verdade é que hoje eu vi um livro que você me deu e chorei calada. Porque é feio chorar por amor perdido. Mas… quer saber? Estou com sinusite. E não estou nem aí para escrever bonito. Quero respirar de novo e amar alguém como um dia eu te amei. Alguém aí acredita em segundo amor?




Fernanda Mello.

Então...


..não me deixe livre, não me solte, não me largue...


Talvez, esteja querendo que alguém me segure forte, me dê um colo quente..e não me largue tão fácil. E, não me deixe fugir, não desta vez. Não faça eu QUERER fugir. Me dê motivos pra ficar. Faça eu me apaixonar todos os dias.

Ah, e eu estou te esperando, com meu vestido curto, e meu coração pulsando forte, e te abraçar até sentir o mundo girar apenas para nós. É, eu gosto muito de ti.


Caio F.

A gente sempre acha que é especial na vida de alguém,...


... Mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não.


(Caio Fernando Abreu)

Sou cheia de manias. Tenho carências insolúveis. Sou teimosa. Hipocondríaca. Raivosa, quando sinto-me atacada. Não como cebola. Só ando no banco da frente dos carros. Mas não imponho a minha pessoa a ninguém. Não imploro afeto. Não sou indiscreta nas minhas relações. Tenho poucos amigos, porque acho mais inteligente ser seletivo a respeito daqueles que você escolhe para contar os seus segredos. Então, se sou chata, não incomodo ninguém que não queira ser incomodado. Chateio só aqueles que não me acham uma chata, por isso me querem ao seu lado. Acho sim, que, às vezes, dou trabalho. Mas é como ter um Rolls Royce: se você não quiser ter que pagar o preço da manutenção, mude para um Passat.



(Fernanda Young)

Eu não sou princesa...


Acordo descabelada, tenho um pijamão que perdeu o elástico, uso meias coloridas furadas. Quando durmo mal tenho olheiras. Não é sempre que uso salto, gosto também de all star e chinelo. Sempre sujo a toalha da cozinha, sou desastrada. Não sei rir baixo, quando algo é engraçado pra valer me mato de rir, bem alto, mas tão alto que as pessoas na rua se viram pra me olhar e acabam rindo também. Adoro andar de meia pela casa, ou então de pé no chão mesmo. Falando em chão, adoro sentar no chão. Se eu estou com crianças, é uma festa: me arrasto, brinco de cavalinho, de pega-pega, de cabaninha, invento brincadeiras. (...)




Não sou princesa. Falo gesticulando, meu choro é verdadeiro, fico com nariz entupido, olhos vermelhos, fanha, as lágrimas saltam. Princesas choram com delicadeza e ainda pegam lencinho. Eu limpo o nariz na manga da blusa. Princesas dão sorrisos, eu gargalho pra valer, têm vezes que eu choro de rir. Não sou uma boneca. De vez em quando eu tenho espinha. Tenho celulite. Tenho enxaqueca. Minha unha descasca hoje e eu deixo pra tirar só amanhã. Esqueço de passar filtro solar. Me sujo comendo sorvete. (...)




Não respiro pra falar. Me agito pra falar. Me embolo pra falar. Me embolo pra tentar explicar o que estou sentindo. Me embolo no meio dos sentimentos todos. Meu rosto não é perfeito. Meu cabelo não é perfeito (pontas duplas, triplas, até quádruplas!). Meu corpo não é perfeito. Mas digo que o meu coração é grande. Bonito, mas também não é perfeito. Tem falhas. Meu coração não é princesa, nem boneca, nem coisa de filme. Ele é de verdade, que nem eu. Acho que o melhor que posso fazer por mim é exatamente isso: mostrar quem eu sou. Sem querer ser uma outra coisa, sem usar uma máscara que cai, quebra, desmonta, derrete. Não gosto disso. Não quero. E não preciso. Sou desse jeito que me mostro. Sou desse jeito que mostro pra você.




Ainda bem.




(Clarrissa Correa)

Ele parece alto num primeiro momento, mas se você olhar direito, tem o charme cafajeste de quem vê o mundo mais de baixo. Não tem jeito aquela boca cortada, seus olhos são de uma profundidade quase cansada. Vai saber o que ele tem, nem ele sabe. Mas tem. Nem posso dizer que tentei evitar, pois já descobri que se você evitar a vida, ela acontece do mesmo jeito.


(Tati Benardi)

'Amar... é legal, faz bem pra pele, mas causa rugas por causa dos sorrisos e das caras emburradas e enfurecidas que fazemos freqüentemente...Não é apenas estar perfumado e belo para o outro, é acordar e se deparar com um ser descabelado, com mau hálito e a cara amassada. Isso quando não passa a noite inteira roncando em seu ouvido. ...é cumplicidade e união, e querer bem, mesmo quando os pensamentos são diferentes...é se entregar de todo coração.'

Brinque com a mão dela enquanto conversam. Coloque o cabelo dela atrás da orelha no meio de uma frase. Beije a testa dela quando for se despedir. Olhe pros olhos dela enquanto fala, em vez de pros peitos. Ligue pra desejar bom dia, boa tarde e boa noite e talvez até um bom-4-horas-da-manhã. Mande uma SMS de “eu sinto sua falta” no meio da aula chata de física dela. Ligue durante a madrugada só pra dizer “eu te amo”. Assista um Amor Pra Recordar, Ps. Eu Te Amo e Dear John com ela em vez do jogo do Flamengo, e não ria se ela deixar algumas lágrimas escaparem. Abrace-a quando ela chorar, não precisa nem perguntar o por quê. Não se irrite se ela não souber o que é impedimento, lembre-se que você também provavelmente não sabe a diferença entre salto alto e All Star. Fique do lado dela mesmo se ela disser que não quer você, porque provavelmente isso vai ser quando ela mais precisa. Mas, em hipótese alguma faça ela se apaixonar se você não pretende correspondê-lá.

Vinícius Kretek.

36 prestações de saudade

Dizem que tudo na vida tem dois lados. Um bom e outro ruim. Depende nos olhos de quem está a pimenta. Mas se tem algo realmente ambiguo para uma única alma é um troço chamado saudade. Com ou sem primenta nos olhos. O dito popular é quem melhor traduz a dualidade de uma saudade quando diz que esta é a maior prova de que o amor valeu a pena. Então sentir a falta é bom. E ruim. Em todos os pontos de vista. Vai entender...

Saudade é amar um passado que nos machuca no presente. É uma felicidade retardada. É deitar na rede e ficar lembrando das ardentes reconciliações depois de brigas homéricas por motivos desimportantes. Sente-se falta de detalhes, como uma toalha no chão, dias chuvosos, da cor dos olhos. A saudade só não mata porque tem o prazer da tortura.

Saudade é o amor que não foi embora ainda, embora o amado já o tenha feito. Ter saudade é imaginar onde deve estar agora, se ainda gosta de vinho bordeaux, se chorou com a derrota do Grêmio no campeonato nacional, se tem tratado aquela amigdalite. E quando a saudade não cabe mais no peito, se materializa e transborda pelos olhos.

Sentir saudade é ter a ausência sempre do seu lado. É mudar radicalmente a rotina, comer mais salada e menos sorvete, frequentar lugares esquisitos, ter dias mais compridos, ter tempo para os amigos, para o vizinho e para a iguana do vizinho. A saudade é a inconfortável expectativa de um reencontro.

Às vezes a saudade é tão grande que nem é mais um sentimento. A gente é saudade. É viver para encontrar o olhar da pessoa em cada improvável esquina, confundir cabelos, bocas e perfumes, sorrir com os lábios tendo o coração sufocado. Porque mesmo a saudade sendo feita para doer, às vezes percebemos que ela é o meio mais eficaz de enxergar o quanto amamos alguém, no passado ou no presente.

Por que a saudade é o muro de Berlim desmoronado no chão, capaz de agregar opostos, como a tristeza e a felicidade em uma coisa híbrida. Se você tem saudade é sinal que teve na vida momentos de alegria com ela ou ele! No fim das contas, a saudade que agora lhe maltrata nada mais é que uma dívida sendo paga em longas 36 prestações pelo amor usufruído. Agora aguenta...

Gabito Nunes

Afago

Eu queria te pedir desculpas, por minhas culpas despejadas,
por minhas palavras mau pensadas, por minhas imperfeições multiplicadas.
Sempre disse que não sei fazer de conta, transparente além da conta.
Desculpa minha falta de modos, meu jeito de falar, de andar sem jeito, é que não sei ser graciosa,
tenho dias de verso outros de prosa.
Saiba que meu lado briguento é bem carinhoso e o meu não chegue perto, possui os braços abertos.
Quando digo que aguento o tranco, que sou forte, é nesse momento que viro filhote.
Você é minha boca sorrindo, meu olhar dormindo, meu cuidado, meu ninho, com você crio asas, mudo de casa, viro passarinho.
Renata Fagundes

"Mas tô me divertindo, ué. Não é isso que mandam a gente fazer? Quando a gente chora e escreve aquele monte de poesia profunda. Quando a gente se apaixona e tudo mais e enche o saco dos amigos com aquela melação toda. Não fica todo mundo dizendo pra gente parar de tanto drama e se divertir? Poxa, tô só obedecendo todo mundo."
(Tati Bernardi)

Apago todas as luzes. Vai, Tati, sofre. Você precisa sofrer um pouco. Vai. Você combinou que se daria pelo menos uns instante de luto pelo amor que morreu. Vamos lá. Uma lágrima. Um, dois, três e…e…e…ah, eu tenho mais o que fazer!
Tati Bernadi

"Com tanto potencial pra acabar com a minha vida, sabe o que ele quer? Me fazer feliz.
Olha que desgraça. O moço quer me fazer feliz. Veja se pode.
Não dá, assim não dá. Deveria ter cadeia pra esse tipo de elemento daninho. Pior é que vicia. Não é que acordei me achando hoje? Agora neguinho me trata mal e eu não deixo. Agora neguinho quer me judiar e eu mando pastar. Dei de achar que mereço ser amada. Veja se pode.
Chega um desavisado com a coxa mais incrível do país e muda tudo. Até assoviando eu tô agora."
(Tati Bernardi)

Ele é cheio de garotas e pela primeira vez na vida sorri ao pensar isso. Tá certo ele. Bonitão, rico, engraçado e safado. Que mulher não se apaixona por ele?
Eu. Eu não me apaixono mais por ele. O que significa que agora podemos nos relacionar. O que significa que agora, posso ficar tranquilamente ao lado dele sem odiar meu cabelo e minha bunda e minha loucura. E posso vê-lo literalmente duas vezes ao ano, sem achar que duas vezes na semana são duas vezes ao ano. E posso vê-lo ir embora, sem me desmanchar ou querer abraçar meu porteiro e chorar. Consigo até dar tchauzinho do portão. Tchau, vou comer um pedaço de torta de nozes e assoviar. Tchau, querido mais um ser humano do planeta.
Tati Bernardi