Não, não é amor. É um homem que esconde o menino que precisa de colo. É a mulher que brinca de ser menina enquanto as pontas dos dedos coçam de vontade de tocar o rosto dele.
Mas não, não é amor. É um desejo latente. É uma necessidade pela partilha de corpos que aparece nos horários mais inusitados. É aquilo que se quer tanto, que dá a impressão [ilusória] que se estender a mão, vai conseguir tocar.
São contos trocados, conselhos, nomenclaturas. Ela dele rouba um "cadinho " da inteligência que ele tem e sabe usar, ele talvez se deixe mergulhar no sentimentalismo todo dela. Sabedoria e romance. Salgado com doce, queijo com goiabada. Mas não, nada de Romeu e Julieta. Ninguém morre nessa história. Talvez nem seja uma história. Talvez ainda tenha mais capítulos, um desfecho, um final, um meio. Talvez... mas é bom.
Amor? Não, não é amor! Não tem questionamentos, não tem porquês, cobranças... tem a necessidade da partilha de almas que se identificam, que se trocam, que se sentem, tem a voz que ecoa noite adentro e aquela frase que sempre brilha em qualquer escuro: " A gente não pode se envolver". Não pode e não deve. Mas ela desconfia que de tanto repetir isso, já está completamente envolvida.
O sentir é algo que deve ser apreciado, desejado, até conseguir ser tocado, pra assim ser eternizado. O resto é o que fica do que já foi. Sempre fica alguma coisa. Sempre fica algum cheiro, alguma palavra, algum gosto. Sem esse sentir tudo não passa de nada, conversa fiada, avatar, palavras jogadas no vento e seqüestradas pelo silêncio.
Mas olha só, não é amor. É um desejo que corta o corpo, que sobe pela espinha e se espalha sobre a nuca, perturbando todos os sentidos, pudores desmascarados e palavras ditas na lata, que lidas depois, ruborizam.
Talvez com ele, ela tenha aprendido a tomar uma decisão certa, até aprendeu a votar... Ele aprende que nem sempre dá pra negar um sentir. Aprende que vale muito o que ele mostra que é, só isso. Afinal, não tem pedido de casamento, não tem DR, não tem brigas, não tem ligações no dia seguinte, não tem presente no dia dos namorados. Não tem, porque não é amor.

E onde está escrito que pra ser bom tem que ser amor?

As vezes o amor é morada e o desejo nem é assim tão intenso. O amor e o desejo nem sempre andam de mãos dadas, cada um tem seu próprio coração e respira por si só. E este desejo será consumado, sentido, saboreado, porque assim tem que ser. E será eterno mesmo que dure dois segundos.
É madrugada, pedido de desculpas desnecessário, confissões, risos e dowloads. Sim, dowloads! Coisas que o cérebro salva pra nunca mais perder.

E você ainda pergunta se é amor? Não, não é amor. É combustível. E se for da mesma família, é um primo distante.


"Não era amor, era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, era sacanagem. Não era amor, eram dois travesseiros. Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno. Não era amor, era sem medo. Não era amor, era melhor." Divã - Martha Medeiros

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