Minhas vontades, sempre infinitas, passam muito rápido.” (Tati Bernardi)

Eu que sei que no fim, ou mesmo daqui a algum tempo, eu vou te fazer sofrer. Muito. Porque manter-me interessada nunca ultrapassa algumas semanas, com muita sorte alguns meses. Foi assim com os outros e por mais que você diga ser diferente, não é. Eu sinto as borboletas em festa, o sorriso brilhando nos olhos e um eu te amo persuadindo meus lábios. Mas é sempre assim. Hoje eu quero, mas um dia eu acordo não querendo mais. Vou roubar teu sono para me divertir em noites de insônia, cantarei palavras em timbre de eternidade e durabilidade momentânea. Vou te ligar manhosa, pedir abraço e dizer que senti saudades com apenas um dia de distância. Você virá me ver e a voz carente de agora pouco terá ganhado um timbre envolvente e sedutor, porque a menina que queria colo cedeu lugar à mulher com desejos mais exasperados e urgentes. A cama se tornará pequena e não demorará muito para que a casa também adquira adjetivo similar. E quando o sol ocupar o céu te acordarei sem beijos alertando que o relógio diz que você já devia ter ido há muito. Você não vai entender minhas novas palavras em paradoxo com a última noite e me terá em mente entre confusão e desejo. Vai me ligar e eu reclamarei independência. Vai sumir e eu ligarei chorando abandono. Ficaremos nesse jogo de quero-agora-mas-depois-não-quero até que eu me entedie e te diga que não quero nunca mais. Você vai achar que é mais uma fase minha e vai esperar a próxima que nunca chegará. Devolver-te-ei seu coração pelo correio embrulhado em lembranças que preencherão seus pensamentos com melancolia por um tempo que eu não sei. Até que o tempo passe e você veja que as reticências que te fizeram esperar sempre foram o ponto final que suas lágrimas multiplicaram, e que minhas palavras iniciais eram, inegavelmente, verdadeiras.

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